domingo, 6 de abril de 2014

O QUE FAZ UM TERAPEUTA TÂNTRICO?


Poucas palavras foram tão mal interpretadas e deturpadas nas línguas ao redor do mundo quanto a palavra Tantra. Mencioná-la fora de hora ou lugar pode causar desconforto, constrangimento, ou até risadinhas quase infantis dadas por adultos crescidos porém desinformados.
E nessa onda de preconceitos entra também a figura do terapeuta tântrico. O que faz? Como trabalha? Quem ele atende? Com o que ele lida? Uma série de interrogações surgem na cabeça do leigo que, quando não se informa, imagina respostas tenebrosas! Esse artigo busca esclarecer um pouco alguns pontos e desmistificar a imagem do Tantra e a figura do seu terapeuta.
E, para começar, deixo claro o que um terapeuta tântrico não faz: sexo. Se você comparecer a uma sessão de terapia tântrica esperando por isso, sairá muito frustrado. Da mesma forma, se receber esse tipo de abordagem da pessoa que o atender, saiba que você não esteve diante de um profissional sério (sequer diante de um profissional). O papel do terapeuta tântrico deve ser o de desprogramar conceitos, de quebrar paradigmas e limpar seu corpo dos condicionamentos que ele tenha a respeito dos estímulos que recebe. E isso não se faz com uma transa, mas sim com técnicas que, ao serem aplicadas, alteram a bioquímica e a percepção que temos do nosso corpo.
O terapeuta tântrico vai trabalhar com a sua sexualidade, não com sexo. Para isso o Tantra apresenta uma série de recursos que foram sistematizados nessa terapêutica. Uma dessas ferramentas são as meditações. Elas ajudam a dissolver as couraças que as emoções ruins, as repressões e outras experiências criam no nosso corpo, tornando-o mais leve, limpando-o das somatizações que esses sentimentos desagradáveis possam causar. Além disso, essas meditações trabalham a produção hormonal de diversas glândulas, gerando descargas de serotonina, oxitocina e outros hormônios ligados ao prazer e à alegria.
Outro trabalho desenvolvido por esse terapeuta é a massagem tântrica. Ela tem propósitos diferentes de uma massagem convencional; sua função é trazer novas sensações e resinificar o prazer sentido pelo corpo. Em uma primeira etapa, a massagem tântrica busca espalhar a sensação orgástica por todo o organismo, encadeando nesse processo agrupamentos musculares nunca antes utilizados no orgasmo. Sim, é possível sentir o orgasmo – essa reação bioelétrica – em músculos do corpo todo, não apenas nos genitais. Esse encadeamento ajuda a intensificar,prolongar e expandir o efeito terapêutico do orgasmo. A partir daí a massagem pode ser usada para tonificar e fortalecer os músculos genitais, possibilitando-os sustentar níveis maiores de bioenergia. Um dos principais motivos das relações durarem tão pouco, ou gerarem orgasmos sem intensidade são os músculos sexuais hipotônicos. Assim como um atleta precisa preparar seu corpo e sua musculatura para aguentar um maior nível de exigência, os músculos vaginais e penianos também precisam de tonificação para sustentarem mais energia, provocando orgasmos muito mais intensos.
Esse desenvolvimento tem se mostrado muito útil no tratamento de várias disfunções sexuais, tanto masculinas como femininas – anorgasmia, problemas de ereção, ejaculação precoce, dispareunia, entre outros. Não apenas isso, a prática dessa terapêutica – por mexer com a bioquímica do cérebro, produção hormonal e outros aspectos da sensibilidade – pode levar a pessoa a outros estados de consciência, ou seja, apresenta caráter meditativo.
Todo esse processo acaba por alterar a maneira que você encara sua sexualidade. Ele tira o foco do orgasmo psicogênico – aquele no qual precisamos usar a mente e suas fantasias – e reativa o centro sexual original do nosso corpo, localizado na base da nossa coluna, justamente na área onde se encontra o Chacra Swadhisthana. Uma jornada que nos tira dos pensamentos e artifícios da mente e nos leva às sensações do corpo.
Seja como tratamento de problemas e disfunções, seja como um caminho de autoconhecimento, conhecer a terapêutica tântrica pode ser uma experiência libertadora
(Texto de Deva Nishok)

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